São universitários vindo de todas as ilhas de cabo verde.
Instalam na Cidade da praia, trabalham, estudam e buscam um futuro melhor do
que o dos seus pais. Vivem juntamente de outros estudantes e há alguns que
moram com os familiares e são submetidos a fazerem trabalhos domésticos para
colmatar a ajuda disponibilizada pelos familiares.
A maioria dos alunos são da
ilha de Santiago e dos que vem das ilhas, Fogo está em primeiro lugar. Quando
se depara, ficam sem tempo para estudar e fazer outros trabalhos acadêmicos.
Passam os meses, depois um semestre, e quando se nota é mais um ano que ficou
para trás. Os quatro anos de licenciatura passam a ser cinco e na maioria dos
casos seis anos. Terminam os estudos e não terminam a licenciatura.
«Não há tempo para nada, nem para estudar. Faço isso de
madrugada, e também quase na hora de levantar para ir novamente para a batalha» , explica Avelina da Silva estudante da
OMCV.
É o caso de muitos estudantes que vem das ilhas como também
do interior da ilha de Santiago, onde há uma maior concentração populacional e
também o maior número de Universidades do país. A principal causa disso é a
falta de condições dos pais e familiares, que colocam os filhos na Universidade
com a ideia de que dias melhores virão. Entretanto, não é o que acontece muitas
das vezes na realidade.
Alguns acabam abandonando os estudos para trabalharem,
garantirem um fundo e só depois retomar a licenciatura e poder pagar as
despesas de casa e tudo mais. Outros passam diversas dificuldades no dia-a-dia
e acabam ficando com muitas doenças como por exemplo a anemia. Isto por causa
da má alimentação e do horário desregrado para satisfazerem o organismo e a
mente.
Há estudantes que passam um mês ou mais com apenas seis mil
escudos, o que não dá nem para pagar um mês de propina e muito menos a
alimentação. Tem disciplinas em atraso mas não é por causa da falta de
interesse, mas sim por não terem força para seguir. Há dias que não tomam o
pequeno-almoço, e nem jantam ou seja passam o dia com apenas uma refeição. E
isso contribui para o fraco desempenho nas aulas e consequentemente um fraco
resultado.
O que os fazem desmotivar e deixarem as lágrimas caírem, «que é a
única coisa que não se compra», diz aluna de Francês.
Optar entre o estudo e a carreira é sempre uma decisão
difícil a ser tomada, pois a escolha pode ser crucial para o futuro do
indivíduo, que corre o risco de parar de estudar, não ser bem-sucedido na
profissão e se arrepender, ou então continuar estudando, não conseguir cumprir
os compromissos de trabalho, comprometer a carreira profissional e ficar
frustrado
.
.
O emprego ou estágio que permite ao estudante trabalhar
apenas meio período facilita muito a conciliação das duas atividades, porém, a
maioria trabalha em tempo integral e mesmo aqueles que só trabalham um turno
passam dificuldades para administrar o seu tempo.
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